“Entre todos os tipos de fichas, as mais correntes e, no fim de contas, as mais indispensáveis, são as fichas de leitura: ou seja, aquelas em que se anotam com precisão todas as referências bibliográficas relativas a um livro ou a um artigo, se escreve o seu resumo, se transcrevem algumas citações – chave, se elabora uma apreciação e se acrescenta uma série de observações” (Eco. U., Como Se Faz Uma Tese Em Ciências Humanas (1984), Editorial Presença, p. 137).
. As fichas de leitura são, de facto, imprescindíveis para o trabalho de todo e qualquer investigador. Num trabalho de investigação há um “aglomerar” de informações, oriundas de fontes diversificadas e distintas, que “obrigam” a uma organização sistematizada de uma série de dados que, de outra forma, acabarão “dispersos” comprometendo todo o processo investigativo.
Existem vários tipos de fichas (de leitura de livros ou artigos, temáticas, de autor, de citações, de trabalho) e, num dado trabalho, recorreremos àquelas que se revelem mais eficazes face aos nossos objectivos (natureza do trabalho investigativo) e, claro está, que se adeqúem à nossa própria forma de organização “pessoal”.
No fundo, o que importa é que, à medida que a nossa bibliografia vá aumentando, o nosso “ficheiro” se torne, cada vez mais, “completo” e “unificado” – em suma, organizado!
. De acordo com as informações recolhidas junto da obra, aqui referenciada, de Umberto Eco devemos contemplar na elaboração das fichas de leitura os seguintes aspectos:
Algumas Considerações Gerais
. Deverão ter o tamanho de uma folha de caderno na horizontal ou de meia folha de papel de máquina;
. Deverão ser, preferencialmente, de cartão de forma a poderem ser consultadas no ficheiro ou reunidas em maços ligados por um elástico;
. Deverão permitir a utilização de esferográficas ou canetas de tinta permanente, sem borrar, possibilitando à caneta e / ou esferográfica “deslizar” com facilidade;
Protótipo “Standard” da Ficha de Leitura
. Dado que as fichas de leitura servem para a literatura crítica convém que estas obedeçam aos seguintes pontos:
. Indicações bibliográficas precisas tais como, por exemplo, o número de páginas, edições, dados sobre o organizador da edição, etc. …
. Informações sobre o autor, quando este não seja uma figura muito conhecida;
. Breve (ou longo) resumo do livro ou do artigo;
. Citações extensas, entre aspas, dos trechos que se considera dever citar (ou mesmo de alguns mais), com indicação precisa da, ou das, páginas;
. Comentários pessoais, no final, no início e a meio do resumo; de forma a que estes, posteriormente, não venham a ser confundidos com a obra do autor, é aconselhável a sua colocação entre parênteses rectos a cores;
. Colocar no início da ficha uma sigla ou uma cor que a remeta à parte respectiva do plano de trabalho; caso esta se refira a várias partes, devem – se colocar várias siglas;
. Nota: estas são, apenas, algumas linhas orientadoras para a “construção” de uma ficha de leitura. Existem várias possibilidades para a sua elaboração, partindo – se deste ponto de “referência”, e competirá a cada investigador a criação da sua própria ficha.
. (1):
1. Artigo / Fonte: “Reflexões sobre a subjectividade na gestão a partir do paradigma da organização que aprende”.
2. Autor: Francisco Javier Uribe Rivera.
3. Nota (s) sobre o autor: Pesquisador no “Departamento de Administração e Planejamento de Saúde”, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro (Brasil).
4. Tema (s) tratado (s): Conexões entre subjectividade e gestão organizacional partindo da abordagem, sucinta, do “paradigma da organização que aprende” (Peter Senge).
O artigo orienta – se pela explicitação do “conceito de aprendizagem organizacional, como processo que articula a aprendizagem individual e social, através da comunicação, e o conceito de liderança, visto como capacidade social de moldar o futuro que depende da disseminação de qualidades e atitudes que dependem de características de natureza individual ou subjectiva”.
5. Palavras – chave: Gestão e aprendizagem organizacional; Subjectividade e gestão; Liderança organizacional.
6. Data da Leitura: 04 de Julho de 2008.
. (2):
1. Introdução: A selecção deste artigo recaiu no facto de os temas aqui abordados se aproximarem bastante do trabalho de investigação que gostaria, na prática, de realizar.
Dediquei algum tempo à pesquisa (Internet) de artigos que deixassem transparecer de forma clara, precisa os meus objectivos relativamente a esse estudo a desenvolver, no âmbito da dissertação, mas não foi tarefa “fácil”. Quero, portanto, ressalvar que o presente artigo se enquadra nos meus “ideais”, mas não representa, na sua essência, o trabalho que posteriormente procurarei realizar. Apesar de tudo, as temáticas aqui tratadas são, todas elas, de importância vital para a consecução desse (futuro) trabalho de campo.
2. Síntese: O artigo dá – nos a conhecer a importância do paradigma da “organização que aprende” (learning organization), abordando a influência da interacção comunicativa entre os diferentes actores dessa comunidade, nomeadamente em termos de liderança (tipos de liderança) tendo em vista a criação de meios potenciadores da criação de uma cultura de mudança.
A aprendizagem é perspectivada, neste contexto, como sendo resultado de um “processo individual de aquisição de conhecimentos e habilidades dependentes da socialização e de processos de acoplamento com o meio” (Piaget e Maturana).
O conceito de subjectividade aparece, então, “fortemente” associado (agregado) ao conceito de intersubjectividade. Na verdade, podemos considerar a liderança como resultante da fusão entre “uma capacidade individual” e “uma capacidade social”. Esta pode, portanto, ser entendida “tanto como resultado quanto como possibilidade da aprendizagem organizacional”.
3. Considerações finais: O artigo faz, ainda, referência às correntes implícitas no conceito de “learning organization”, chamando a atenção para a importância do questionamento sistémico no seio da organização; o envolvimento “comprometido” por parte de todos os seus actores; a importância da “cultura” organizacional como mentora da aprendizagem; o cultivo do “pensamento estratégico” (visão do “futuro”) partindo da reflexão sobre o percurso da organização …
. (3):
1. Autores referenciados: Senge; Habermas; Matus; Mitroff; Jung; Maturana; Kim; Geus; Forrester; Piaget; Boyett; Argyris; Schon; Schein; Starkey; Mintzberg; Motta; Bennis;
2. Articulações com:
2.1: Outros autores: Fullan, Michael; Hargreaves, Andy; Goleman, Daniel.
2.2: Outros assuntos: O ensino na Sociedade do Conhecimento (o “novo” papel dos formadores; culturas colaborativas; a aprendizagem ao longo da vida; …).
. (4):
. Nota (s): “A liderança para Senge não seria um factor individual. Ou apenas individual. Na sua visão ecológica de liderança, esta corresponde a uma capacidade colectiva para moldar as mudanças. Na organização haveria vários líderes, em vários níveis, não necessariamente executivos. Destacam – se dentre eles os “que portam a semente”, isto é, aqueles que têm a capacidade de estabelecer redes mais ou menos informais de comunicação, de impulsionar a todos os níveis, em relações de transversalidade, a possibilidade da transferência de habilidades e de conhecimentos. Esses líderes retirariam seu potencial da capacidade de estabelecer interconexões entre inovadores” – eis o cerne da problemática que gostaria de ver analisada, no meu (futuro) trabalho investigativo, partindo do “estudo” de um contexto especifico.
. Eco. U., Como Se Faz Uma Tese Em Ciências Humanas (1984), Editorial Presença.
. Fullan., M., Liderar numa cultura de mudança (2003), Edições ASA.
. Lima., J., As Culturas Colaborativas nas Escolas – estruturas, processos e conteúdos (2002), Porto Editora.
. Fullan., M., Hargreaves., A., Por que é que vale a pena lutar? – O trabalho de equipa na escola (2001), Porto Editora.
. Fink., D., Hargreaves., A., Liderança Sustentável (2007), Porto Editora.
. Hargreaves., A., O Ensino na Sociedade do Conhecimento – A educação na era da insegurança (2003), Porto Editora.
(3.1). Sitografia: