domingo, 1 de junho de 2008

(2). Análise qualitativa:

Toda a actividade humana, da mais primária à mais elaborada,
comporta uma dimensão relacional
(Maria Lucília Marcos)
. O homem vai – se fazendo homem porque se liga ao mundo, porque se relaciona com o mundo, ao mesmo tempo que lhe e se atribui sentido.
. O homem procede sempre pelo estabelecimento de relações, mobilizando as emoções e os afectos, representando, vendo e imaginando, sentindo e pensando, interpretando e significando, saltando de uma referência a outra, de uma memória a outra, seleccionando e esquecendo, substituindo, reunindo, seriando, ….
. E em todas estas manifestações, o homem liga e desliga, liga – se e desliga – se – quando nomeia, quando organiza a vida em grupo, distribui tarefas e define parentescos, quando faz trocas e impõe regras ou rituais de troca, quando declara guerra e decreta paz, quando viaja pelos lugares ou se fixa num lugar, quando inventa, nos amores e desamores, nos medos, na morte(Marcos., M., Ciências Da Comunicação – Princípio da Relação e Paradigma Comunicacional (2007), Lisboa: Cadernos Universitários – Edições Colibri, pp. 27 e 28).
. “Alguns investigadores movimentam – se nas escolas munidos de blocos de apontamentos para registarem os dados. Outros recorrem ao equipamento vídeo na sala de aula e não seriam capazes de conduzir uma investigação sem ele. Outros ainda elaboram esquemas e diagramas relativos aos padrões de comunicação verbal entre alunos e professores. No entanto, todos eles têm em comum o seguinte: o seu trabalho corresponde à nossa definição de investigação qualitativa e incide sobre diversos aspectos da vida educativa(Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 47).

sherlock holmes 1. Características do paradigma qualitativo:

. Preconiza o emprego dos métodos qualitativos;

. Procura – se compreender a conduta humana a partir dos próprios pontos de vista do sujeito actuante (fenomenologismo);

. Recurso à observação naturalista e sem controlo;

. Perspectiva – se numa lógica “a partir de dentro”;

. Encontra – se próximo dos dados;

. Baseia – se na realidade, orientando – se para a descoberta; tem carácter exploratório, expansionista, descritivo e indutivo;

. Foca a sua atenção no processo;

. É válido: utiliza dados “reais”, “ricos” e “profundos”;

. Não generalizável: reporta – se a estudos de caso isolados;

. Visão holística;

. Assume uma realidade dinâmica.

sherlock holmes 2. Características dos métodos qualitativos:

. Indutivos – os investigadores qualitativos analisam a informação, basicamente, de “forma indutiva”; não procuram a informação para verificar hipóteses; a sua teoria é desenvolvida de “baixo para cima”, partindo da análise dos dados que obtiveram e que se encontram inter – relacionados;

. Holísticos – os investigadores têm uma percepção da realidade no seu “todo” (realidade global); os indivíduos, os grupos, as situações são encarados como um “todo” não sendo, portanto, reduzidos a variáveis; o passado e o presente dos sujeitos de investigação são alvo de estudo;

. Naturalistas – a fonte directa dos dados são as situações que se consideram “naturais”; os investigadores procuram, também, interagir com os sujeitos de forma o mais “natural” possível tentando a máxima discrição;

. Humanísticos – os investigadores qualitativos tentam conhecer os sujeitos da investigação na sua essência humana: procuram conhecê – los como “pessoas”, experimentado as mesmas vivências, tentando compreender os actos, as palavras, os gestos (o contexto revela – se deveras importante para este tipo de investigação);

. Descritiva – a descrição é rigorosa e resulta, directamente, dos dados recolhidos; os dados incluem transcrições de entrevistas, registos de observações, documentos escritos (podem ser de índole pessoal e / ou oficial), fotografias, gravações de vídeo, …

. Nota:

. O problema “central” da investigação qualitativa reside no facto de o investigador ser o “instrumento” de recolha de dados – o que implica que a fiabilidade dos dados depende, exclusivamente, da sua sensibilidade e, ainda, da sua experiência. A objectividade deste tipo de investigação encontra – se, desde logo, associada à “figura” do investigador, nomeadamente ao seu papel. Por esta razão, a validade dos trabalhos realizados reveste – se de importância vital neste tipo de investigação.

sherlock holmes 3. Reflectindo sobre as características da investigação qualitativa:

. A fonte directa dos dados é o ambiente natural, sendo o investigador o instrumento principal:

Os investigadores qualitativos frequentam os locais de estudo porque se preocupam com o contexto. Entendem que as acções podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu ambiente habitual de ocorrência. Os locais têm de ser entendidos no contexto da história das instituições a que pertencem (…) Para o investigador qualitativo divorciar o acto, a palavra ou o gesto do seu contexto é perder de vista o significado (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 48).

. A investigação qualitativa é descritiva: os dados recolhidos não são “obtidos” através de números, mas através de palavras e / ou imagens;

A palavra escrita assume particular importância na abordagem qualitativa, tanto para o registo dos dados como para a disseminação dos resultados (…) Ao recolher dados descritivos, os investigadores qualitativos abordam o mundo de forma minuciosa (…) Nada é considerado como um dado adquirido e nada escapa à avaliação(Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 49).

. Os investigadores qualitativos interessam – se mais pelo processo do que pelos resultados:

Como é que as pessoas negoceiam os significados? Como é que se começaram a utilizar certos termos e rótulos? Como é que determinadas noções começaram a fazer parte daquilo que consideramos ser “senso comum”? Qual a história natural da actividade ou acontecimentos que pretendemos estudar?" (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 49).

. Os investigadores qualitativos analisam os seus dados de forma, essencialmente, indutiva:

as abstracções são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando (…) Para um investigador qualitativo que planeie elaborar uma teoria sobre o seu objecto de estudo, a direcção desta só se começa a estabelecer após a recolha dos dados e o passar de tempo com os sujeitos (…) Está – se a construir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e examinam as partes ( teoria fundamentada) (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 50).

. O significado adquire uma importância vital neste tipo de investigação:

Ao apreender as perspectivas dos participantes, a investigação qualitativa faz luz sobre a dinâmica interna das situações, dinâmica esta que é frequentemente invisível para o observador exterior (…) O processo de condução de investigação qualitativa reflecte uma espécie de diálogo entre os investigadores e os respectivos sujeitos, dado estes não serem abordados por aqueles de uma forma neutra (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 51).

(1). Análise quantitativa:

A revolução positiva consiste essencialmente em substituir sempre a inacessível
determinação das causas propriamente ditas pela simples investigação das leis
(Auguste Comte)
. “O positivismo lógico considera que apenas a análise lógica pode provar a coerência e a verdade de um enunciado (...) A análise lógica surge efectivamente como um microscópio (Frege) destinado a examinar o sentido e a “fiabilidade” dos enunciados (Julia. D., Dicionário Temático Larousse – Filosofia (2002), Círculo de Leitores, p. 207).
sherlock holmes1. Características do paradigma quantitativo:
. Recorre à utilização de métodos quantitativos;
. Tem por base um positivismo lógico, procurando as causas para os fenómenos sociais – razão pela qual não presta “grande” atenção aos aspectos subjectivos dos indivíduos;
. Utilização de uma mediação rigorosa e controlada;
. Caracteriza – se pela sua objectividade;
. Encontrando – se “à margem dos dados” perspectiva – se numa lógica “a partir de fora”;
. Orienta – se para a comprovação revestindo – se, então, de um carácter eminentemente confirmatório, reducionista, inferencial e hipotético – dedutivo;
. Focado nos resultados;
. Fiável, uma vez que se baseia em dados “sólidos” e repetíveis;
. Generalizável – permite a realização de estudos de casos múltiplos;
. Particularista;
. Assume uma realidade estável.
sherlock holmes2. Características dos métodos quantitativos:
. Este tipo de métodos encontra – se, directamente, relacionado com a investigação experimental ou quasi – experimental pressupondo, por esta razão, a consideração dos seguintes parâmetros:
. Observação de fenómenos;
. Formulação de hipóteses explicativas (dos fenómenos referidos anteriormente);
. Controlo de variáveis;
. Selecção aleatória dos sujeitos de investigação (amostragem);
. Verificação ou rejeição das hipóteses mediante uma recolha de dados rigorosa;
. Análise estatística dos dados;
. Utilização de modelos matemáticos de forma a testar hipóteses.
. Podemos afirmar que os objectivos primordiais da investigação quantitativa se prendem com a descoberta de relações entre variáveis e a elaboração de descrições, través do recurso ao tratamento estatístico de dados, visando testar teorias.
. Pelas razões acima mencionadas, facilmente, depreendemos algumas das limitações da utilização dos métodos quantitativos quando o objecto de estudo se prenda com as Ciências Sociais, nomeadamente:
. A natureza dos fenómenos estudados, encontrando – se esta questão, directamente, relacionada com toda a complexidade que reveste a própria natureza humana;
. O estímulo que dará, “obrigatoriamente”, origem a diferentes respostas tendo em atenção a (s) singularidade (s) que é / são inerente (s) a cada sujeito;
. O “excessivo” número de variáveis que torna, desde logo, o seu controlo praticamente impossível;
. A subjectividade, por parte do investigador, “condicionando”, desta forma a validade e fiabilidade dos instrumentos de mediação.
. Nota:
. Numa abordagem quantitativa, as elaborações das propostas de investigação são, regra geral:
. Extensas – “obrigam” a uma longa revisão da literatura;
. Detalhadas e específicas nos objectivos – são escritas antes da recolha de dados;
. Detalhadas e especificas nos procedimentos – procede – se a uma especificação de hipóteses.

4. Análise e tratamento de dados:

sherlock holmes (1). Enquadramento do tema:

. A investigação quantitativa e a investigação qualitativa encontram – se associadas a paradigmas distintos que lhes conferem a sua identidade “própria”.
Neste contexto, podemos afirmar que o paradigma quantitativo é regido por uma concepção global positivista, hipotético – dedutiva, particularista orientando – se, essencialmente, para os resultados. Esta é uma concepção típica das Ciências Naturais. O paradigma qualitativo, por seu turno, é perspectivado de acordo com uma concepção global fenomenológica, indutiva, estruturalista, subjectiva que se orienta para os processos – característica esta típica da Antropologia Social.
. Cada paradigma reúne características distintas e únicas. Estas, serão a essência dos métodos que lhes subjazem, nomeadamente os métodos quantitativos e os métodos qualitativos. Mas, a distinção entre estes dois tipos de métodos é feita, genericamente, tendo como base os processos de recolha de dados e a forma segundo a qual estes são registados e analisados.
. Patton (1990) afirma que provavelmente nada põe tão bem em evidência a diferença entre métodos quantitativos e métodos qualitativos como as diferentes lógicas que estão subjacentes às técnicas de amostragem. A investigação quantitativa tem como base amostras de maiores dimensões seleccionadas aleatoriamente, enquanto a investigação qualitativa tipicamente focaliza – se em amostras relativamente pequenas, ou mesmo casos únicos, seleccionados intencionalmente (Carmo. H., Ferreira. M., Metodologia da Investigação – Guia para Auto – aprendizagem (1998), Lisboa: Universidade Aberta, p. 191).
sherlock holmes (2). Métodos quantitativos e / ou métodos qualitativos? A possibilidade de combinação dos métodos.
. Relativamente a este item convém referir que existem opiniões divergentes no seio da comunidade científica:
. Alguns autores referem – se às “dificuldades” encontradas na utilização conjunta destes dois métodos apontado, por exemplo, as seguintes razões para a “inviabilização” desta hipótese:
. Implicações teóricas (Brannen);
. Suporte – paradigmático distinto (Smith e Heshusus; Bogdan e Biklen);
. No entanto, vários autores preconizam o recurso à utilização dos dois métodos, concomitantemente, caso este procedimento se revele crucial para a investigação (Denzin; Cronbach; Miles e Hubermann; Patton; Reichardt e Cook):
. Patton (1990) salienta que uma das formas de tornar um plano de investigação mais “sólido” / “consistente” será através de um processo de “triangulação”, ou seja, através da combinação de metodologias no estudo dos mesmos fenómenos ou programas (Carmo. H., Ferreira. M., Metodologia da Investigação – Guia para Auto – aprendizagem (1998), Lisboa: Universidade Aberta, p. 183).
. Denzin (1978) identificou quatro “grupos” distintos de triangulação:
1. Triangulação de dados – recurso a fontes variadas num mesmo estudo;
2. Triangulação de investigadores – contributo de vários investigadores ou avaliadores;
3. Triangulação de teorias – utilização de vários pontos de vista de forma a interpretar, sob diferentes prismas, um mesmo conjunto de dados;
4. Triangulação metodológica – utilização de diferentes métodos para estudar um dado problema ou programa.
. Nota:
. Pessoalmente, e tendo em atenção a minha ainda “escassa” (nula) experiência neste campo, sou apologista da combinação dos dois métodos desde que o investigador detenha “experiência” nesta (s) área (s) para poder utilizar os mesmos de forma eficaz não pondo em “risco” o processo investigativo.
sherlock holmes (3). Métodos formais de amostragem:
. Os métodos para procedermos à selecção de uma amostra podem ser agrupados da seguinte forma:
. Métodos de amostragem casual ou “métodos probabilísticos”;
. Métodos de amostragem não – casual ou “não – probabilísticos”.
. Relativamente aos primeiros, podemos identificar, como métodos mais vulgares de amostragem casual, os seguintes:
. Amostragem aleatória simples;
. Amostragem sistemática;
. Amostragem estratificada;
. Amostragem por clusters;
. Amostragem multi – etápica;
. Amostragem multi – fásica.
. Relativamente aos segundos, podemos identificar, como métodos mais vulgares de amostragem não – casual, os seguintes:
. Amostragem por conveniência;
. Amostragem por quotas.
. Notas:

1. Independentemente da técnica a ser utilizada, quando realizamos uma amostragem devemos, sempre, considerar as seguintes etapas:
. Definição da população – alvo;
. Determinação da dimensão ou grandeza da amostra necessária;
. Selecção da amostra.
2. As amostras probabilísticas são seleccionadas de forma a que cada um dos elementos da população tenha uma probabilidade real (conhecida e não nula) de ser incluída na amostra, enquanto as amostras não – probabilísticas são seleccionadas de acordo com um ou mais critérios julgados importantes pelo investigador tendo em conta os objectivos do trabalho de investigação que está a realizar” (não está garantida uma probabilidade conhecida e não nula de cada um dos elementos da população ser seleccionado para fazer parte da amostra)(Carmo. H., Ferreira. M., Metodologia da Investigação – Guia para Auto – aprendizagem (1998), Lisboa: Universidade Aberta, pp. 191 e 192).
sherlock holmes (4). A natureza da análise estatística:
Um investigador assemelha – se a um marceneiro. Não produz móveis, mas produz informação na forma de conclusões e, muitas vezes, obtém estas conclusões aplicando técnicas estatísticas aos dados da investigação. As técnicas estatísticas são as ferramentas do investigador e, tal como o marceneiro, é preciso escolhê – las cuidadosamente. O investigador tem de entender também o papel de cada técnica e tem de saber como usá – la correctamente e como não abusar dela. A “madeira” do investigador é a amostra de dados e, tal como o marceneiro que precisa de madeira de boa qualidade, o investigador precisa de uma amostra de dados de boa qualidade(M. Hill, A. Hill, Investigação por Questionário (2005), Edições Sílabo, pp. 191 e 192).
. Classificação das técnicas estatísticas:
. Podemos proceder a esta classificação, por exemplo, da seguinte forma:
. Técnicas paramétricas e técnicas não – paramétricas;
. Técnicas que tratam de diferenças entre amostras de casos, e técnicas que tratam da relação entre variáveis (para uma só amostra de casos);
. Técnicas univariadas, técnicas bivariadas e técnicas multivariadas.
. Notas:
1. Convém, contudo, fazer uma breve “introdução” a este tema, partindo da distinção entre estatísticas descritivas e estatísticas indutivas:
. As primeiras descrevem, de forma sumária, alguma característica de uma ou mais variáveis fornecidas por uma amostra de dados (Hill. Manuela., Hill. Andrew., Investigação por Questionário (2005), Edições Sílabo, p. 192). As mais conhecidas são, talvez, as medidas de tendência central e, em particular, o valor médio, a mediana e a moda. No entanto, podemos, ainda, apontar como estatísticas descritivas: *
. O desvio padrão;
. A variância;
. O intervalo inter – quartil;
*. Estas, permitem – nos, também, obter uma descrição sumária da variação dos valores de uma variável.
. As segundas (estatísticas indutivas), permitem – nos avaliar o papel de factores ligados com o acaso quando estamos a tirar conclusões a partir de uma ou mais amostras de dados (Hill. Manuela., Hill. Andrew., Investigação por Questionário (2005), Edições Sílabo, p. 193).
2. As técnicas paramétricas são estatísticas que lidam com parâmetros. As estatísticas paramétricas pressupõe que os valores de uma variável têm uma distribuição normal e preconizam, ainda, que os valores de uma variável são medidos numa escala de intervalo ou rácio.
. Incluímos neste tipo de técnica estatística o teste t, a análise da variância, a correlação (do tipo Pearson) e a regressão linear.
3. As técnicas não – paramétricas não lidam com parâmetros e não assumem que os valores de uma variável têm uma distribuição normal. Permitem – nos, pelo contrário, a análise de variáveis com valores numa escala ordinal ou numa escala nominal.
. Podemos incluir neste tipo de técnica estatística o teste de Qui – quadrado, o teste de Wilcoxon, o teste entre medianas, e a correlação (do tipo Spearman).
sherlock holmes(5). Recursos da unidade curricular:

(5.1 ). Bibliografia:
. Bogdan e Biklen, Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução à Teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora.
. Carmo. H., Ferreira. M., Metodologia da Investigação – Guia para Auto – aprendizagem (1998), Lisboa: Universidade Aberta.
. Hill. M, Hill. A, Investigação por Questionário (2005), Edições Sílabo.
. Marcos., M., Ciências Da Comunicação – Princípio da Relação e Paradigma Comunicacional (2007), Lisboa: Cadernos Universitários – Edições Colibri.
( 5.2). Sitografia:

3. Investigação – acção em Educação:

A investigação é uma atitude – uma perspectiva que as pessoas tomam face a objectivos e actividades. Académicos e investigadores profissionais investigam aspectos pelos quais nutrem interesse. Formulam o objectivo do seu estudo, em forma de hipóteses ou de questões a investigar. Não só se espera que conduzam a investigação, mas também que a façam segundo os critérios estabelecidos pela tradição da investigação, independentemente de ser quantitativa ou qualitativa (…) A investigação – acção consiste na recolha de informações sistemáticas com o objectivo de promover mudanças sociais. Os seus praticantes reúnem dados ou provas para denunciar situações de injustiça ou perigos ambientais, com o objectivo de apresentar recomendações tendentes à mudança (…) A investigação – acção é um tipo de investigação aplicada no qual o investigador se envolve activamente na causa da investigação. Tanto os métodos qualitativos como os quantitativos podem ser utilizados na investigação – acção (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, pp. 292 e 293).
sherlock holmes(1). A importância da investigação – acção para a mudança dos contextos educativos:
. A investigação – acção é um método de investigação que, no campo da Educação, é orientado para a prática educativa. Basicamente, parte do pressuposto de que é possível conciliar num mesmo percurso a investigação e a acção revelando – se, desde logo, como sendo um método preciosíssimo em contextos educativos.
. A investigação – acção possibilita aos “investigadores – actores” uma reflexão sobre as suas práticas à medida que, com o desenrolar do processo investigativo, os seus conhecimentos (teórico – práticos) ganham maior consistência, permitindo – lhes melhorar, gradualmente, as suas performances em contexto de trabalho, nomeadamente a nível de lideranças.
. Na verdade, de acordo com Mills (2003), podemos definir a investigação – acção como sendo um inquérito sistemático, conduzido por professores – investigadores, com o intuito de recolha de informação sobre o modo de funcionamento da sua escola (dinâmica interna da organização escolar) e sobre o modo segundo o qual os seus alunos desenvolvem a sua aprendizagem.
. A informação recolhida pretende, essencialmente, contribuir para o desenvolvimento de uma prática reflexiva que, por seu turno, conduzirá a mudanças positivas no ambiente escolar, na generalidade das práticas educativas adoptadas e melhorará os “resultados” dos alunos.
. A investigação – acção é conduzida por professores e para professores. É contextualizada, localizada e tem como objectivo a descoberta, o desenvolvimento e a adopção de práticas de “mudança” (Wallace, 2000). As características que definem a investigação – acção reflectem, também, as qualidades dos líderes no que concerne as culturas colaborativas. Estas qualidades incluem um conhecimento profundo sobre a organização, visão “estratégica”, curiosidade face ao conhecimento (aquisição de novos conhecimentos), desejo de uma melhoria sistémica da performance pessoal / profissional, actividade de auto – reflexão, vontade de mudança (Fullan, 2000).
. Partindo do estudo de inúmeros trabalhos / projectos baseados na investigação – acção, podemos concluir que todos eles apresentam algumas características comuns, nomeadamente a procura da criação de conhecimento; o desejo de implementação da mudança e o aperfeiçoamento (contínuo) das práticas e das performances dos actores directamente envolvidos.
. Facilmente depreendemos a importância desta metodologia de trabalho, em contexto educativo quer para os actores directamente implicados, quer para as organizações envolvidas neste processo investigativo, destacando – se os seguintes aspectos:
. A investigação – acção permite a compreensão e a vivência dos problemas sócio – organizacionais complexos dado que o investigador é envolvido “directamente” no próprio processo – daqui resultam inúmeros benefícios para a organização e para o investigador, na medida em que ao proceder – se a uma ligação estreita entre a teoria e a prática estamos a propiciar o aparecimento da mudança conduzindo, desta forma, a organização a processos inovadores; estamos, ainda, a implicar todos os intervenientes (actores directamente envolvidos) num processo de participação responsável, crítico e reflexivo;
. O professor adquire, com os contributos da investigação – acção, um papel mais dinâmico no seio da comunidade escolar tornado – se, ele próprio, um agente de mudança;
. Para que a mudança “efectiva” ocorra torna – se necessário o envolvimento de todos os intervenientes num processo (dinâmico) de acção – reflexão – acção;
. Dado que o professor, na sua dupla faceta de investigador e educador, tem um conhecimento da realidade (contexto escolar – suas dinâmicas internas) torna – se “mais fácil” o aprofundamento desse conhecimento, através da análise da realidade (meio envolvente), para que se possa transformar essa mesma realidade (partindo, desde logo, da “situação – problema” diagnosticada).
sherlock holmes(2). Características essenciais da investigação – acção:
. A investigação – acção é uma metodologia que se caracteriza pelo seu duplo – objectivo de acção e investigação com o intuito de obter resultados em ambos os campos: com a acção pretende – se obter mudança numa dada comunidade, organização ou programa; com a investigação procura – se aprofundar a compreensão, por parte do investigador, do cliente e da comunidade (Dick 2000);
. A investigação – acção é, então, uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos da acção procurando, essencialmente, a obtenção de melhores resultados naquilo que se faz e tentando facilitar o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com quem se trabalha;
. A investigação – acção orienta – se no sentido da melhoria das práticas, através da mudança e da aprendizagem que é efectuada partindo das consequências dessas mudanças;
. Esta metodologia possibilita a participação de todos os implicados, desenvolvendo – se em torno de ciclos que contemplam: a planificação, a acção, a observação e a reflexão;
. Podemos considerar esta metodologia como sendo um processo sistemático de aprendizagem que se orienta para uma prática eminentemente reflexiva;
. As fases do processo de investigação – acção contemplam a elaboração de um plano de investigação e a adopção de um plano de acção sustentados por um conjunto de métodos e regras que a seguir apresento, partindo das linhas de orientação traçadas por Kemmis e McTaggert (1988):
. Desenvolvimento de um plano face ao melhoramento (da organização);
. Implementação do plano;
. Observação e “registo” dos efeitos do plano;
. Reflexão sobre os efeitos do plano para, posterior, elaboração de plano (s) e tomada de acções; . Em suma, podemos dizer que a investigação – acção é, geralmente, conduzida tendo em vista a descoberta / a criação de um plano para a inovação ou para a intervenção e podemos considerar que esta é, sempre, resultado de um trabalho colaborativo.
. Apesar de variações no modo como vários autores conceptualizam este método de investigação, há unanimidade quanto a alguns traços essenciais que o caracterizam: diz respeito a um problema ou situação real, a intervenção é situada no contexto onde esse problema é vivenciado, é realizada pelos próprios intervenientes na acção, pretende contribuir para a mudança e engloba obrigatoriamente um percurso que combina a reflexão com a acção, num processo dialéctico, sistemático e contínuo (Professoras Alda Pereira e Luísa Aires, Universidade Aberta).
sherlock holmes (3). Proposta de “guião” para o desenvolvimento de um trabalho / projecto de investigação – acção:
. Tendo por base os trabalhos de Kemmis e McTaggert (1988) e considerando, ainda, as alterações introduzidas pelo (s) contributo (s) de Mills (2003) podemos apresentar o seguinte “guião” para o desenvolvimento de um trabalho / projecto de investigação – acção:
. Descrever o problema e a área de foco;
. Definir os factores envolvidos na nossa área de foco (por exemplo, o currículo, a “descrição” da escola, os resultados dos alunos (o desempenho dos alunos), estratégias de ensino, etc.);
. Desenvolver questões de pesquisa;
. Descrever a intervenção ou a inovação para ser implementada;
. Desenvolver uma “linha – temporal” para a implementação;
. Descrever os intervenientes (actores) do grupo de pesquisa (investigação – acção);
. Desenvolver uma lista de recursos para implementar o plano;
. Descrever os dados a serem recolhidos;
. Desenvolver o processo de recolha de dados e proceder à análise do plano;
. Seleccionar as ferramentas apropriadas para o inquérito;
. Levar a cabo o plano (implementação, recolha de dados, análise dos dados);
. Dar a conhecer os resultados.
sherlock holmes(4). Recursos da unidade curricular:
. Donato., R., Action Research (2003), University of Pittsburgh, Eric Digest (http://www.cal.org/).
. http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/armenio/TESE_Armenio/TESE_Armenio/_vti_cnf/TESE_Armenio_web/ (Projecto Ser Mais – Educação Para a Sexualidade Online).
4. 1. Sitografia:

(2). A Entrevista:

sherlock holmes1. Quando recorrer à entrevista?
O recurso à técnica do inquérito por entrevista encontra – se, directamente, relacionado com os objectivos da investigação que se pretende realizar. É um tipo de “inquérito” que se adequa aos propósitos das investigações de carácter qualitativo, dado que o seu objectivo primordial não será o de quantificar, confirmar ou inferir hipóteses.
Em investigação qualitativa, as entrevistas podem ser utilizadas de duas formas:
. Podem ser utilizadas como estratégia principal para a recolha de dados;
. Podem ser utilizadas conjuntamente com a observação participante, análise de documentos, entre outros.
Em ambas as situações as entrevistas permitem ao investigador a recolha de dados descritivos permitindo – lhe desenvolver (intuitivamente) um ideia sobre a forma como os sujeitos interpretam aspectos do mundo.
Podemos, em termos gerais, “classificar” as entrevistas da seguinte forma:
. Entrevistas predominantemente informais (entrevista clínica e entrevista em profundidade);
. Entrevistas mistas (entrevista livre e entrevista centrada);
. Entrevistas predominantemente formais (entrevista com perguntas abertas; entrevista com perguntas fechadas).
Importa, ainda, referir que as entrevistas qualitativas variam quanto ao seu grau de estruturação:
. Algumas centram – se em tópicos determinados podendo, também, ser orientadas por questões gerais. Se o entrevistador controlar o conteúdo das entrevistas de forma rígida então consideramos que esta ultrapassa o âmbito qualitativo.
. Algumas são de tal forma abertas (não estruturadas) que o entrevistado desempenha o papel “principal” quer na definição do conteúdo da entrevista, quer na própria “condução” do estudo.
Convém referir que nas entrevistas estruturadas podemos obter dados comparáveis entre os vários sujeitos. No entanto, o tipo de entrevista a adoptar dependerá, sempre, como já foi referido anteriormente, do objectivo da investigação em curso.
Podemos, ainda, utilizar diferentes tipos de entrevista em fases distintas da investigação: numa fase inicial do estudo podemos optar pela utilização duma entrevista mais livre e exploratória (de carácter mais abrangente). Posteriormente, após o trabalho de investigação, podemos sentir necessidade de uma estruturação mais “rígida” das entrevistas (de forma a obtermos dados comparáveis num tipo de amostragem mais alargada).
. Nota: a entrevista é um recurso que é, frequentemente, utilizado quando o investigador não encontra respostas na documentação disponível ou, ainda, quando esta informação não se lhe afigura como “fiável”. Pode, também, ser utilizada como forma de economizar tempo (no âmbito da investigação).
Em suma, verificamos que a entrevista pode ocorrer em situações variadas e pode, ainda, assumir diversos formatos para que se possa adequar convenientemente ao contexto no qual é inserida, assim como aos próprios objectivos que o investigador pretende atingir.
sherlock holmes2. Algumas considerações gerais sobre a entrevista na investigação qualitativa:
. A entrevista utilizada neste tipo de pesquisa é tipicamente de índole semi – estruturada e / ou aberta;
. Na investigação qualitativa a entrevista pode ser o único método utilizado (ao longo do processo investigativo) ou pode, ainda, ser utilizada como parte integrante de um estudo etnográfico ou, até mesmo, como “complemento” a um outro método qualitativo;
. A entrevista qualitativa deve ser flexível e deve procurar ir ao encontro do ponto de vista dos participantes (na pesquisa);
. Se utilizarmos um guião para a entrevista este não deve ser muito estruturado no que respeita a sua aplicação devendo, acima de tudo, possibilitar alguma flexibilidade na formulação das perguntas;
. As entrevistas qualitativas devem ser gravadas e, posteriormente, transcritas;
. Assim como nos estudos etnográficos, as investigações que recorrem à utilização da entrevista qualitativa tendem a não utilizar a selecção “ao acaso” em termos de amostra (no que concerne a selecção dos participantes);
. A utilização da observação participante ou da entrevista qualitativa depende, em larga escala, da sua “funcionalidade” para as questões de pesquisa a serem realizadas. Contudo, devemos ter presente a ideia de que os observadores participantes conduzem, muitas vezes, entrevistas no decorrer das suas investigações.
sherlock holmes3. A “problemática” da interacção directa (questão – chave na técnica de entrevista):
Podemos considerar a interacção directa como o “eixo central” da entrevista, na medida em que ao conduzirmos uma dada entrevista estamos, indubitavelmente, envolvidos numa situação de interacção directa ou presencial. Por esta razão, devemos prestar atenção a alguns aspectos que podem “comprometer” os nossos objectivos. A saber:
. A influência que o entrevistador pode exercer no entrevistado;
. As diferenças que, eventualmente, existem entre eles (género, idade, sociais, culturais, etc.);
. A sobreposição de canais de comunicação.
. No que respeita o 1º item, não podemos esquecer que existe, quase sempre, uma “distância” entre o entrevistador e o entrevistado que pode condicionar todo o processo de comunicação: o entrevistado pode sentir – se “inibido” ou, por outro lado, pode dar respostas que lhe pareçam ser as “esperadas” pelo entrevistador. Por esta razão, é muito importante a forma como o entrevistador formula as questões.
. Relativamente ao 2º item, facilmente depreendemos que as diferenças culturais entre os dois interlocutores podem causar sérios obstáculos à comunicação, efectiva, porque ambos são “regidos” por códigos (sócio – culturais) distintos atribuindo “valores”, “significados”, “conotações” também elas distintas às questões formuladas.
. No que respeita o 3º item, é muito importante ter em atenção o modo como se formulam as questões e, ainda, a forma como estas são enquadradas em termos não verbais: a entoação, a linguagem gestual fazem parte integrante do processo comunicativo e não podem ser, de forma alguma, descurados.
. Nota: nunca será demais referir que ao realizarmos uma entrevista vamos, desde logo, fazer perguntas sobre diferentes tipos de coisas, tais como:
. Valores – do entrevistado, de um dado grupo, de uma dada organização;
. Crenças – do entrevistador, de outros (indivíduos), sobre determinado (s) grupo (s);
. Papeis formais e / ou informais – do entrevistador, de outros;
. Relacionamentos – do entrevistador, de outros;
. Lugares;
. Emoções – particularmente as respeitantes ao entrevistador, mas também no que respeita outros (indivíduos);
. Encontros;
. Histórias.
Por todas estas razões, devemos tentar variar o tipo de questões (Kvale) e procurar, ainda, uma variação sobre os fenómenos que pretendemos questionar.
sherlock holmes4. Proposta de elaboração de um guião para a realização de uma entrevista semi – estruturada:
O guião que a seguir se apresenta resultou do trabalho desenvolvido, em equipa, por mim e pelos colegas Bruno Miranda, Odília Leal, Teotónio Cavaco e Henriqueta Costa.
Procuramos dar a conhecer, de forma detalhada, os aspectos a ter em conta nas diferentes fases que acompanham a “realização” da entrevista, nomeadamente antes, durante e após a realização desta.
1. Antes da realização da entrevista:
. Criação de uma série de tópicos, nunca demasiado específicos (questões introdutórias, de acompanhamento, específicas, directas, indirectas, estruturadas, de interpretação, pausas e silêncios…), e sua ordenação de forma a obter uma ordem lógica das questões;
. Formulação de perguntas que nos possam ajudar a obter respostas às “questões – chave” no âmbito “geral” da investigação (devemos ter o cuidado de não as tornar muito específicas - estas questões deverão permitir perceber bem os contextos em que se movem os entrevistados, para melhor perceber a sua linguagem e códigos;
. Utilização de uma linguagem que seja compreensível e relevante para as pessoas que estamos a entrevistar;
. Criação de espaços de registo de informações de âmbito geral acerca do entrevistado (nome, idade, sexo), assim como informações mais específicas (anos de serviço, “posição” / “cargo” ocupado, etc.) – este tipo de informação será muito relevante para a contextualização das respostas dos entrevistados;
. Aquisição de material (gravador, microfone, etc.);
. Preparação de um sítio calmo e silencioso, com temperatura amena, boa luz, móveis, …) no qual decorrerá a entrevista;
. Verificação da disponibilidade dos entrevistados para a realização da entrevista, mediante um contacto prévio (neste contacto podemos proceder às seguintes diligências:
*. Informar o (futuro) entrevistado sobre os resultados que esperamos obter com a realização da entrevista;
*. Explicar a razão pela qual procedemos à sua selecção, dando a conhecer a importância do seu contributo para a investigação que pretendemos desenvolver;
*. Informar os entrevistados sobre o tempo de duração previsto para a realização da entrevista;
*. Combinar a data, a hora e o local para a realização da entrevista.
2. Durante a realização da entrevista:
. O entrevistador deve certificar-se que:
* Possui conhecimento da matéria; * é claro, com ideias seguras sobre o que pretende encontrar;
* é sensível, gentleman, aberto, crítico; * está preparado para desafios; * tem sensibilidade estética; * tem boa memória; * sabe interpretar; * tem capacidade para fazer balanços; * é paciente e persistente;
. Explicação da entrevista, esclarecendo o entrevistado sobre:
* O que pretende o entrevistador e o objectivo da entrevista; * a confidencialidade do entrevistado e das suas respostas; * a necessidade da colaboração do entrevistado, sem constrangimento de qualquer ordem;
. Manutenção de uma distância audível entre o entrevistado e o entrevistador (1 a 2 metros) – em casos de entrevista a um grupo, pode ser vantajoso subdividi-los em pequenos grupos;
. Verificação da existência de condições de privacidade do entrevistado;
. Manutenção do controle da entrevista pelo entrevistador;
. Pedido de autorização do entrevistado para proceder à gravação da entrevista;
. Valorização das respostas do entrevistado:
* Mostrando compreensão e simpatia; * usando um tom informal, de conversa, mais do que de entrevista formal; * apresentando a questão oralmente e por escrito (combinação das duas linguagens!);
. Condução da entrevista:
* início com questões fáceis de responder (para pôr o entrevistado à vontade); * ir pedindo ao entrevistado para dizer em voz alta o que está a pensar, o que pensou em fazer, se está com alguma dificuldade na resposta, …; * evitar influenciar as respostas pela entoação ou destaque oral de palavras; * pedir exemplos de situações, de pessoas ou de objectos que o auxiliem a exprimir-se; * apresentar uma questão de cada vez; * explicitação da aceitação pelas opiniões do entrevistado (entrevista diferente de exame);
. Registo com as mesmas palavras do entrevistado, evitando resumi-las, anotando, se possível, gestos e expressões do entrevistado;
. Gestão do tempo de conversação, parando antes do tempo previsto (nunca mais de 1 hora), se o ambiente se tornar demasiado constrangedor;
. Término da entrevista idêntico ao seu inicio, num ambiente de cordialidade, para que o entrevistador possa voltar (se necessário) e obter novos dados.
3. Após a realização da entrevista:
. Audição das respostas;
. Transcrição integral das respostas, num prazo muito curto, para evitar perder expressões e frases significativas;
. Elaboração de um registo, sob a forma de notas, acerca de:
* Local onde a entrevista decorreu; * modo como a entrevista decorreu, nomeadamente os aspectos alusivos ao “comportamento” verbal e não verbal do entrevistado (foi cooperante? falador? estava nervoso? etc.); * ambiente que rodeou a entrevista: sossegado /“agitado”, muita gente / pouca gente, edifício novo / edifício antigo, utilização de computadores?, etc.
. Inferir sobre o grau de liberdade com que estas (respostas) foram dadas;
. Verificação dos requisitos dos dados fornecidos pelo entrevistado: validade – comparar os dados com uma fonte externa; relevância – importância em relação aos objectivos; especificidade e clareza – referência com objectividade a dados, datas, nomes, locais, percentagens, prazos, etc.; profundidade – relacionado com sentimentos e lembranças do entrevistado, sua intensidade e intimidade; extensão – amplitude da resposta;
. Análise das respostas através de medidas estatísticas: * determinar as percentagens das opções de resposta em cada item; * calcular a moda das variáveis qualitativas; * calcular as medidas estatísticas (média, mediana, desvio padrão, desvios, …) das variáveis quantitativas;
. Preenchimento da grelha de registo;
. Segunda audição das respostas;
. Envio aos entrevistados para validação (sempre que há um guião, este deve ser validado por especialistas);
. Utilização da informação para o levantamento de hipóteses mais “seguras”, no que respeita à autenticidade das respostas obtidas (pré - análise);
. Classificação das respostas;
. Codificação (por motivos éticos - anonimato);
. Interpretação dos dados obtidos;
. Discussão dos dados, à luz da teoria.
. Elaboração de um relatório, no qual consta: * a metodologia do inquérito, incluindo a selecção da população e da amostra e a justificação, elaboração e a validação do instrumento da recolha de dados; * uma descrição da recolha e do tratamento dos dados;
. Apresentação da análise dos dados (tabelas, gráficos, resultados estatísticos, semelhanças e diferenças nas respostas dos entrevistados, padrões de declarações e correspondência com características individuais);
. Explicitação das conclusões da entrevista (síntese, resultados, reflexões, implicações, sugestões, …);
. Disponibilização dos materiais utilizados (anexos, bibliografia, dados...).
sherlock holmes5. Recursos da unidade curricular:
5.1. Sitografia:
5.2. Bibliografia:
. Bogdan, B. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, Lda.
. Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia da investigação: Guia para Auto - aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
. Foddy, W. (1996 [1993]). Como Perguntar, teoria e prática da construção de perguntas em entrevistas e questionários. Oeiras: Celta Editora.
. Gall, M. D.; Borg, W. R. & Gall, J. P. (1996). Educational Research: an introduction. New York: Longman Publishers.
. Ghiglione, R. & Matalon, B. (2001 [1985]). O inquérito teoria e prática. (4ª ed.). Oeiras: Celta Editora.
. Ketele, J-M de & Roegiers, X. (1999). Metodologia da recolha de dados. Lisboa: Instituto Piaget.
. Quivy, R., Campenhoudt,V.,L.,(1992).Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.