“Os dados em investigação educacional podem provir de fontes muito diversas, desde documentos institucionais ou pessoais, a anotações feitas pelo investigador, decorrentes de observação em contextos naturalistas, passando pela aplicação de testes, questionários ou entrevistas aos sujeitos informantes, ou ainda pela utilização de artefactos produzidos em contextos não investigativos.
Nem sempre a recolha de dados exige a elaboração de instrumentos específicos. Contudo, o investigador encontra-se frequentemente na necessidade de ter de construir instrumentos próprios para obter os dados que permitem responder às suas questões de investigação. É o caso de testes, questionários, guiões de entrevistas ou grelhas de observação de comportamentos não verbais” (Professora Alda Pereira, Universidade Aberta).
. A recolha dos dados tem como objectivo primordial a análise cuidada dos mesmos, passando por um processo de organização sistemática, tendo em vista a obtenção de dados quer gerais, quer específicos que permitirão o desenrolar de todo o processo de investigação.
. As técnicas utilizadas para a recolha de dados em investigação conduzem – se através das seguintes linhas de orientação:
1. O recurso ao questionário;
2. A utilização da entrevista;
3. A observação (estruturada e participante).
Relativamente ao primeiro ponto, podemos afirmar que “os questionários são instrumentos para recolha de dados, muito usados em investigações quantitativas, nomeadamente em estudos de opinião. São também usados em estudos mistos onde se utilizam vários métodos complementares. São constituídos por um conjunto de itens através dos quais se procura inventariar os atributos de uma dada população ou, até, analisar relações entre atributos dessa mesma população. Exigem um planeamento rigoroso sobre a informação a obter, sobre como proceder para a obter e como a analisar posteriormente” (Professora Alda Pereira, Universidade Aberta).
No que concerne o segundo ponto, constatamos que a “entrevista é uma das técnicas mais comuns e importantes no estudo da acção educativa. Adopta uma grande variedade de usos e de formas que vão da mais comum (a entrevista individual) à entrevista de grupo, ou mesmo às entrevistas mediatizadas pelo telefone ou computador. A sua duração pode limitar-se a uns breves minutos ou a longos dias, como é a caso da entrevista nas histórias de vida.
. Existem três características básicas que podem diferenciar as entrevistas:
1. Entrevistas desenvolvidas entre duas pessoas ou com um grupo de pessoas.
2. Entrevistas que abarcam um amplo espectro de temas (ex.: biográficas) ou as que incidem sobre um só tema (monotemáticas).
3. Entrevistas que se diferenciam consoante o maior ou menor grau de pré-determinação ou de estruturação das questões abordadas – entrevista em profundidade não – directiva, entrevista semi – estruturada e entrevista estruturada e estandardizada"(Professora Alda Pereira, Universidade Aberta).
. Nota: o “inquérito” em Ciências Sociais pode ser definido como sendo “um processo em que se tenta descobrir alguma coisa de forma sistemática”. Nesta área de estudo o termo encontra – se, directamente, ligado à “recolha sistemática de dados para responder a um determinado problema” (Carmo. H., Ferreira. Manuela M. (1998). Metodologia da Investigação – Guia para a Auto – Aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta, p. 123).
Podemos, então, recorrer ao inquérito por questionário e / ou ao inquérito por entrevista. Ambos os inquéritos podem ter graus de estruturação diferentes e podemos proceder à sua “diferenciação” partindo da análise de duas variáveis:
. O grau de directividade das perguntas;
. A presença ou ausência do investigador no acto da inquirição.
No que respeita o terceiro ponto, ainda que este não seja alvo de um estudo “pormenorizado” na presente unidade curricular, convém salientar que a importância das técnicas de observação são cruciais nos estudos investigativos que a ela recorram.
Não podemos esquecer que “observar é seleccionar informação pertinente, através dos órgãos sensoriais e com recurso à teoria científica, a fim de poder descrever, interpretar e agir sobre a realidade em questão” (Carmo. H., Ferreira. Manuela, Metodologia da Investigação – Guia para Auto – Aprendizagem (1998), Lisboa: Universidade Aberta, p. 97).
Ora, facilmente depreendemos que estamos perante um “processo” que implicará, por parte do investigador, o domínio das seguintes “competências”:
. Saber identificar indícios, o que requer um treino continuado da atenção;
. Possuir uma experiência anterior adequada, o que implica possuir uma boa preparação teórica e empírica;
. Ter capacidade para comparar o que observa com o que constitui a sua experiência anterior e a partir daí poder tirar conclusões pertinentes, o que obriga a uma formação metodológica sólida.
“Toda a vida é uma grande cadeia cuja natureza se revela ao examinarmos qualquer dos elos que a compõe. Como todas as outras artes, a Ciência da Dedução e Análise só pode ser adquirida por meio de um demorado e paciente estudo e a vida não é tão longa que permita a um mortal o aperfeiçoar – se ao máximo nesse campo. Antes de passar aos aspectos morais e mentais de um assunto que apresente as maiores dificuldades, o pesquisador deve principiar por assenhorear – se dos problemas mais elementares. Ao encontrar um semelhante, aprende a distinguir imediatamente qual a história do homem e a actividade que exerce. Por mais pueril que este exercício possa parecer, aguça as faculdades de observação. Pelas unhas de um homem, pela manga do seu casaco, pelos seus sapatos, pelas joelheiras nas calças, pelas calosidades do seu indicador e polegar, pela sua expressão, pelos punhos da camisa … em cada uma destas coisas a profissão de um homem é claramente indicada. Que o conjunto delas não esclareça um indagador competente é virtualmente inconcebível” (Carmo e Ferreira citando Conan Doyle in Metodologia da Investigação – Guia para Auto – Aprendizagem (1998), Lisboa: Universidade Aberta, p. 96).
. Afonso, N. (2005). Investigação Naturalista em Educação. Porto: Edições Asa.
. Hill, M.M. e Hill, A. (2000). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.
. Ghiglione. R., Matalon. B. (2005). O Inquérito – Teoria e Prática. Oeiras: Celta Editora.
. Carmo. H., Ferreira. Manuela M. (1998). Metodologia da Investigação – Guia para a Auto – Aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
. Bodgan. R., Biklen. S.(1994). Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À Teoria E Aos Métodos. Porto: Porto Editora.
. Boudon. R., Besnard. Ph. (1999). Dicionário Temático Larousse: Sociologia. Lisboa: Círculo de Leitores.
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