1. Características do paradigma qualitativo:
. Preconiza o emprego dos métodos qualitativos;
. Procura – se compreender a conduta humana a partir dos próprios pontos de vista do sujeito actuante (fenomenologismo);
. Recurso à observação naturalista e sem controlo;
. Perspectiva – se numa lógica “a partir de dentro”;
. Encontra – se próximo dos dados;
. Baseia – se na realidade, orientando – se para a descoberta; tem carácter exploratório, expansionista, descritivo e indutivo;
. Foca a sua atenção no processo;
. É válido: utiliza dados “reais”, “ricos” e “profundos”;
. Não generalizável: reporta – se a estudos de caso isolados;
. Visão holística;
. Assume uma realidade dinâmica.
2. Características dos métodos qualitativos:
. Indutivos – os investigadores qualitativos analisam a informação, basicamente, de “forma indutiva”; não procuram a informação para verificar hipóteses; a sua teoria é desenvolvida de “baixo para cima”, partindo da análise dos dados que obtiveram e que se encontram inter – relacionados;
. Holísticos – os investigadores têm uma percepção da realidade no seu “todo” (realidade global); os indivíduos, os grupos, as situações são encarados como um “todo” não sendo, portanto, reduzidos a variáveis; o passado e o presente dos sujeitos de investigação são alvo de estudo;
. Naturalistas – a fonte directa dos dados são as situações que se consideram “naturais”; os investigadores procuram, também, interagir com os sujeitos de forma o mais “natural” possível tentando a máxima discrição;
. Humanísticos – os investigadores qualitativos tentam conhecer os sujeitos da investigação na sua essência humana: procuram conhecê – los como “pessoas”, experimentado as mesmas vivências, tentando compreender os actos, as palavras, os gestos (o contexto revela – se deveras importante para este tipo de investigação);
. Descritiva – a descrição é rigorosa e resulta, directamente, dos dados recolhidos; os dados incluem transcrições de entrevistas, registos de observações, documentos escritos (podem ser de índole pessoal e / ou oficial), fotografias, gravações de vídeo, …
. Nota:
. O problema “central” da investigação qualitativa reside no facto de o investigador ser o “instrumento” de recolha de dados – o que implica que a fiabilidade dos dados depende, exclusivamente, da sua sensibilidade e, ainda, da sua experiência. A objectividade deste tipo de investigação encontra – se, desde logo, associada à “figura” do investigador, nomeadamente ao seu papel. Por esta razão, a validade dos trabalhos realizados reveste – se de importância vital neste tipo de investigação.
3. Reflectindo sobre as características da investigação qualitativa:
. A fonte directa dos dados é o ambiente natural, sendo o investigador o instrumento principal:
“Os investigadores qualitativos frequentam os locais de estudo porque se preocupam com o contexto. Entendem que as acções podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu ambiente habitual de ocorrência. Os locais têm de ser entendidos no contexto da história das instituições a que pertencem (…) Para o investigador qualitativo divorciar o acto, a palavra ou o gesto do seu contexto é perder de vista o significado” (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 48).
. A investigação qualitativa é descritiva: os dados recolhidos não são “obtidos” através de números, mas através de palavras e / ou imagens;
“A palavra escrita assume particular importância na abordagem qualitativa, tanto para o registo dos dados como para a disseminação dos resultados (…) Ao recolher dados descritivos, os investigadores qualitativos abordam o mundo de forma minuciosa (…) Nada é considerado como um dado adquirido e nada escapa à avaliação” (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 49).
. Os investigadores qualitativos interessam – se mais pelo processo do que pelos resultados:
“ Como é que as pessoas negoceiam os significados? Como é que se começaram a utilizar certos termos e rótulos? Como é que determinadas noções começaram a fazer parte daquilo que consideramos ser “senso comum”? Qual a história natural da actividade ou acontecimentos que pretendemos estudar?" (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 49).
. Os investigadores qualitativos analisam os seus dados de forma, essencialmente, indutiva:
“as abstracções são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando (…) Para um investigador qualitativo que planeie elaborar uma teoria sobre o seu objecto de estudo, a direcção desta só se começa a estabelecer após a recolha dos dados e o passar de tempo com os sujeitos (…) Está – se a construir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e examinam as partes “ ( teoria fundamentada) (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 50).
. O significado adquire uma importância vital neste tipo de investigação:
“Ao apreender as perspectivas dos participantes, a investigação qualitativa faz luz sobre a dinâmica interna das situações, dinâmica esta que é frequentemente invisível para o observador exterior (…) O processo de condução de investigação qualitativa reflecte uma espécie de diálogo entre os investigadores e os respectivos sujeitos, dado estes não serem abordados por aqueles de uma forma neutra” (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, p. 51).
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