domingo, 1 de junho de 2008

(1). O Questionário:

sherlock holmes1. O que é um questionário?

Após uma breve investigação em fontes diversificadas e, partindo do trabalho realizado em equipa, no âmbito da actividade prevista para esta temática, chegamos à seguinte definição do conceito:

. Série de questões que se colocam a um informador, que podem envolver as suas opiniões, as suas representações, as suas crenças ou, ainda, várias informações factuais sobre ele próprio ou o seu meio.

. Nota:

. A elaboração de um questionário exige uma sólida formação técnica e uma experiência a nível da realização do inquérito (por questionário) sob todas as suas formas;

. Como todos os instrumentos de medida, o questionário tem os seus limites, mas é, sem dúvida, uma ferramenta insubstituível (para estudar as diferenças de opinião e acompanhar a sua evolução no tempo ou, ainda, para descrever a estrutura e as condições de vida de uma dada população);

. É um instrumento muito utilizado em investigação educacional, podendo ser complementado com outro (s).

sherlock holmes2. As grandes linhas “orientadoras” de um questionário:
. Deve revestir – se obrigatoriamente de um rigor estandardizado quer ao nível das questões colocadas, quer ao nível da sua ordem sequencial;
. Deve permitir / facultar a comparabilidade das respostas de todos os entrevistados – tornando – se, desde logo, necessário formular as questões (a todos os entrevistados) da mesma forma, isto é, sem que se proceda a alterações, adaptações e / ou explicações suplementares resultantes da iniciativa do entrevistador;
. Deve incluir um grupo de questões perfeitamente claras, não oferecendo qualquer margem para dúvidas ou que possam ser susceptíveis de qualquer tipo de ambiguidade;
. Deve incluir questões que, na sua essência, não se prestem à sugestão de respostas (em particular) e à expressão de expectativas;
. Deve ser “criterioso” na ordem que atribui às questões a formular: deve parecer uma “simples” troca de palavras e surgir de forma tão “natural” quanto possível; deve procurar o “encadear” das questões procurando – se evitar as repetições e a inserção de questões “despropositadas”;
. Deve procurar abarcar uma certa variedade no tipo de questões formuladas para “quebrar” a monotonia (principalmente se estivermos na presença de um questionário longo);
. Deve ter em conta o tempo que será destinado à sua realização, não devendo ultrapassar uma hora; se estivermos na presença de um questionário constituído, na sua generalidade, por perguntas fechadas, este não deve ultrapassar os 45 minutos (Ghiglione e Matalon).

sherlock holmes3. Aspectos a ter em conta na apresentação do questionário:
. A apresentação do investigador (que deve conter os elementos indispensáveis para o garante da sua credibilidade perante os inquiridos);
. A apresentação do tema (que deve ser feita de forma clara e simples, dando a conhecer a importância do papel dos inquiridos no âmbito da investigação em curso);
. As instruções (que devem ser, também elas, precisas, claras e curtas – evitando – se, desde logo, as que possam trazer alguma ambiguidade ou que se revelem excessivamente complexas);

. O questionário, quando enviado por correio, deve ser acompanhado de um envelope selado ou com resposta paga. A qualidade e a cor do papel devem, também, ser alvo de “atenção” procurando – se que estas sejam adequadas ao público – alvo;

. A disposição gráfica do questionário deve ser clara e adequada ao público a que se destina; a mancha gráfica deve ser aberta e visualmente atractiva;

. O formulário deve ser revisto (revisão gráfica) tendo em vista a correcção de (possíveis) gralhas ortográficas e / ou erros sintácticos – factores estes que conduziriam, de imediato, a uma perda de credibilidade por parte dos inquiridos;

. O número de folhas deve ser reduzido ao mínimo de forma a evitar reacções “negativas” por parte dos inquiridos.

. Nota:

. É necessária a realização de um pré – teste (antes de se proceder ao questionário, propriamente dito) para que possamos averiguar as condições nas quais o questionário será, “efectivamente”, aplicado, assim como a sua qualidade gráfica e a adequação da carta e das instruções que o acompanham;

. Devemos proceder, após a redacção do questionário, ao seu “ensaio” para verificarmos se * as questões são compreendidas da forma “inicialmente” prevista pelo investigador:

*. Há questões susceptíveis de poder influenciar as questões seguintes (?);

*. A ordem das questões obedece a uma lógica compreensível pelos inquiridos (?);

*. Há motivos para fenómenos de fadiga, aborrecimento ou qualquer reacção menos positiva, susceptíveis de alterar o comportamento de resposta (?);

. Devemos, ainda, proceder a antecipações, construindo quadros fictícios, de modo a evitar respostas impossíveis de interpretar ou, apenas, interpretáveis se forem acompanhadas de perguntas suplementares. Este procedimento permite, também, detectar repetições desnecessárias;

. Procurar determinar a aceitabilidade das perguntas, passando a uma “aplicação em pequena escala”, em condições idênticas às da “aplicação definitiva”, de forma a determinar as reacções ao questionário. Nesta fase devem ser registadas todas as dificuldades encontradas;

. Verificar a aplicabilidade e a relevância das respostas, através de um “teste piloto”, no qual se procede a um ensaio da aplicação do questionário, evitando – se, desta forma, incompreensões e erros de vocabulário e de formulação. O teste piloto permite, ainda, verificar se a introdução motiva os participantes e se as instruções e as perguntas se encontram claramente redigidas.
sherlock holmes4. Questões prévias à elaboração do questionário:
Antes da elaboração do questionário é deveras importante a consideração dos seguintes aspectos aqui referenciados, dado que estes se revestem de importância vital na / para a recolha de dados, exercendo “influência” nos resultados, posteriormente, obtidos:
. A escolha do tema;
. O levantamento dos problemas;
. A formulação da hipótese geral;
. A revisão da literatura;
. A decisão sobre o tipo de investigação a encetar (“réplica”, “confirmação”, “melhoria” ou “extensão”);
. A descrição e a caracterização do “universo – alvo”;
. A definição da amostra do estudo em função do “universo”:
. * Casual (“aleatória simples”, “sistemática”, “estratificada”, por “clusters”, “multi – etápica”, “multi – fásica”);
. * Não casual (“por conveniência”, “por quotas”);
. ...
sherlock holmes4. 1 – Planeamento do questionário:
. Elaborar uma grelha de especificações (para comparação das questões do estudo com os tópicos do questionário);
. Listar todas as variáveis da investigação, incluindo as características dos casos;
. Especificar o número de perguntas para medir cada uma das variáveis;
. Elaborar uma versão inicial para cada pergunta;
. Reflectir cuidadosamente sobre:
*. A natureza da primeira hipótese geral;
*. As variáveis e perguntas iniciais a ela associadas;
. Identificar o tipo de hipótese que norteia o trabalho (investigação):
*. Hipóteses que tratam de diferenças entre grupos de casos (?);
*. Hipóteses que tratam de relações entre variáveis (?);
. Decidir quais as técnicas estatísticas mais adequadas para testar a (s) hipótese (s) formulada (s), tendo em atenção os pressupostos destas técnicas e considerando o tipo de hipótese geral f(ormulada);
. Decidir o tipo de escala de medida a utilizar:
*. Nominal;
*. Ordinal;
*. De intervalo;
*. De rácio;
. Decidir o tipo de resposta desejável para cada pergunta associada com a hipótese geral:
a) Qualitativa – descrita por palavras pelo respondente;
b) Qualitativa – escolhida pelo respondente a partir de um conjunto de respostas alternativas fornecido pelo autor do questionário;
c) Quantitativa – apresentada em números pelo respondente;
d) Quantitativa – escolhida pelo respondente a partir de um conjunto de respostas alternativas fornecido pelo autor do questionário;
. Elaborar uma hipótese operacional, baseando – se na informação recolhida nos pontos anteriores;
. Considerar as perguntas iniciais (e os tipos de respostas) associadas com a primeira hipótese operacional e, caso se revele necessário, «poli-las» de forma a chegar a versões finais que possam, eventualmente, ser incorporadas no questionário;
. Verificar se as versões finais das perguntas ainda podem ser consideradas adequadas para testar a hipótese operacional;
. Repetir os passos anteriores para as outras hipóteses gerais;
. Elaborar as instruções associadas com as perguntas para informar o respondente acerca de como deve responder;
. Planear as secções do questionário:
* A primeira secção deve ter, sempre, como objectivo a obtenção de informação sobre as características dos casos (= respondentes: pessoas, famílias, instituições, sectores da indústria, países, regiões de um país, etc.) para os descrever e deve, ainda, obedecer às seguintes regras:
a) A escolha das características deve prever que sejam estritamente relevantes (para evitar uma excessiva extensão do questionário, bem como o risco de falta de cooperação do respondente);
b) A escolha das características dos casos deve ter em consideração todas as hipóteses da investigação e os detalhes dos casos requeridos para descrever a amostra e replicar a investigação;
c) Se algumas características forem quantitativas, há duas alternativas:
. Ou se usa a resposta escrita em números (medida numa escala de rácio, portanto, exacta);
. Ou a escolha perante um conjunto de respostas alternativas (medida numa escala ordinal, portanto, mais flexível, mas menos exacta, logo, mais “frágil”);
. Rever o aspecto gráfico do questionário;
. Validar o questionário pela revisão, por um painel de especialistas, que deverá avaliar a substância das questões e as suas características técnicas;
. Aplicar o questionário, a título experimental, a uma amostra que não a do estudo.

sherlock holmes4. 2 – Vantagens e desvantagens do inquérito por questionário:
. Vantagens:
. Sistematização;
. Maior simplicidade de análise;
. Maior rapidez na recolha e análise de dados: pode ser aplicado a um maior número de pessoas (oriundas de diversas localizações geográficas) e em menos tempo; a análise pode ser automatizada;
. Mais barato;
. Permite que as pessoas respondam no momento que lhes pareça mais adequado;
. Há menos possibilidade de enviesamento pelo inquiridor: não expõe os pesquisados à influência do pesquisador;
. Garante o anonimato das respostas: as questões embaraçosas não inibem o entrevistado.
. Desvantagens:
. Dificuldades de concepção;
. Envolve, geralmente, um número pequeno de perguntas;
. Não é aplicável a toda a população: exclui, por exemplo, a participação de pessoas analfabetas;
. Impossibilidade de acrescentar dados suplementares;
. Impossibilidade de ajudar no caso de haver dúvidas por parte do inquirido;
. Impede o conhecimento das circunstâncias em que o questionário foi respondido;
. Não oferece garantia de que a maioria das pessoas o devolvam preenchido de forma “completa” (todos os parâmetros);
. Elevada taxa de não respostas;
. Proporciona resultados bastante críticos no que respeita a objectividade: maior superficialidade das respostas.
. Nota: Os itens aqui tratados tiveram como base a adaptação (reorganização de ideias, reestruturação de “conceitos” pré – definidos) dos trabalhos desenvolvidos, colaborativamente, pelo meu grupo de trabalho. A saber, os elementos constituintes da equipa verde: Carla Alves, Bruno Miranda, Odília Leal, Teotónio Cavaco e Henriqueta Costa.

sherlock holmes5. Sitografia:

. http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi2/QuestionarioT2.pdf

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