A “investigação é uma atitude – uma perspectiva que as pessoas tomam face a objectivos e actividades. Académicos e investigadores profissionais investigam aspectos pelos quais nutrem interesse. Formulam o objectivo do seu estudo, em forma de hipóteses ou de questões a investigar. Não só se espera que conduzam a investigação, mas também que a façam segundo os critérios estabelecidos pela tradição da investigação, independentemente de ser quantitativa ou qualitativa (…) A investigação – acção consiste na recolha de informações sistemáticas com o objectivo de promover mudanças sociais. Os seus praticantes reúnem dados ou provas para denunciar situações de injustiça ou perigos ambientais, com o objectivo de apresentar recomendações tendentes à mudança (…) A investigação – acção é um tipo de investigação aplicada no qual o investigador se envolve activamente na causa da investigação. Tanto os métodos qualitativos como os quantitativos podem ser utilizados na investigação – acção” (Bogdan. R., Biklen. S., Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À teoria E Aos Métodos (1994), Porto Editora, pp. 292 e 293).
. A investigação – acção é um método de investigação que, no campo da Educação, é orientado para a prática educativa. Basicamente, parte do pressuposto de que é possível conciliar num mesmo percurso a investigação e a acção revelando – se, desde logo, como sendo um método preciosíssimo em contextos educativos.
. A investigação – acção possibilita aos “investigadores – actores” uma reflexão sobre as suas práticas à medida que, com o desenrolar do processo investigativo, os seus conhecimentos (teórico – práticos) ganham maior consistência, permitindo – lhes melhorar, gradualmente, as suas performances em contexto de trabalho, nomeadamente a nível de lideranças.
. Na verdade, de acordo com Mills (2003), podemos definir a investigação – acção como sendo um inquérito sistemático, conduzido por professores – investigadores, com o intuito de recolha de informação sobre o modo de funcionamento da sua escola (dinâmica interna da organização escolar) e sobre o modo segundo o qual os seus alunos desenvolvem a sua aprendizagem.
. A informação recolhida pretende, essencialmente, contribuir para o desenvolvimento de uma prática reflexiva que, por seu turno, conduzirá a mudanças positivas no ambiente escolar, na generalidade das práticas educativas adoptadas e melhorará os “resultados” dos alunos.
. A investigação – acção é conduzida por professores e para professores. É contextualizada, localizada e tem como objectivo a descoberta, o desenvolvimento e a adopção de práticas de “mudança” (Wallace, 2000). As características que definem a investigação – acção reflectem, também, as qualidades dos líderes no que concerne as culturas colaborativas. Estas qualidades incluem um conhecimento profundo sobre a organização, visão “estratégica”, curiosidade face ao conhecimento (aquisição de novos conhecimentos), desejo de uma melhoria sistémica da performance pessoal / profissional, actividade de auto – reflexão, vontade de mudança (Fullan, 2000).
. Partindo do estudo de inúmeros trabalhos / projectos baseados na investigação – acção, podemos concluir que todos eles apresentam algumas características comuns, nomeadamente a procura da criação de conhecimento; o desejo de implementação da mudança e o aperfeiçoamento (contínuo) das práticas e das performances dos actores directamente envolvidos.
. Facilmente depreendemos a importância desta metodologia de trabalho, em contexto educativo quer para os actores directamente implicados, quer para as organizações envolvidas neste processo investigativo, destacando – se os seguintes aspectos:
. A investigação – acção permite a compreensão e a vivência dos problemas sócio – organizacionais complexos dado que o investigador é envolvido “directamente” no próprio processo – daqui resultam inúmeros benefícios para a organização e para o investigador, na medida em que ao proceder – se a uma ligação estreita entre a teoria e a prática estamos a propiciar o aparecimento da mudança conduzindo, desta forma, a organização a processos inovadores; estamos, ainda, a implicar todos os intervenientes (actores directamente envolvidos) num processo de participação responsável, crítico e reflexivo;
. O professor adquire, com os contributos da investigação – acção, um papel mais dinâmico no seio da comunidade escolar tornado – se, ele próprio, um agente de mudança;
. Para que a mudança “efectiva” ocorra torna – se necessário o envolvimento de todos os intervenientes num processo (dinâmico) de acção – reflexão – acção;
. Dado que o professor, na sua dupla faceta de investigador e educador, tem um conhecimento da realidade (contexto escolar – suas dinâmicas internas) torna – se “mais fácil” o aprofundamento desse conhecimento, através da análise da realidade (meio envolvente), para que se possa transformar essa mesma realidade (partindo, desde logo, da “situação – problema” diagnosticada).
. A investigação – acção é uma metodologia que se caracteriza pelo seu duplo – objectivo de acção e investigação com o intuito de obter resultados em ambos os campos: com a acção pretende – se obter mudança numa dada comunidade, organização ou programa; com a investigação procura – se aprofundar a compreensão, por parte do investigador, do cliente e da comunidade (Dick 2000);
. A investigação – acção é, então, uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos da acção procurando, essencialmente, a obtenção de melhores resultados naquilo que se faz e tentando facilitar o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com quem se trabalha;
. A investigação – acção orienta – se no sentido da melhoria das práticas, através da mudança e da aprendizagem que é efectuada partindo das consequências dessas mudanças;
. Esta metodologia possibilita a participação de todos os implicados, desenvolvendo – se em torno de ciclos que contemplam: a planificação, a acção, a observação e a reflexão;
. Podemos considerar esta metodologia como sendo um processo sistemático de aprendizagem que se orienta para uma prática eminentemente reflexiva;
. As fases do processo de investigação – acção contemplam a elaboração de um plano de investigação e a adopção de um plano de acção sustentados por um conjunto de métodos e regras que a seguir apresento, partindo das linhas de orientação traçadas por Kemmis e McTaggert (1988):
. Desenvolvimento de um plano face ao melhoramento (da organização);
. Implementação do plano;
. Observação e “registo” dos efeitos do plano;
. Reflexão sobre os efeitos do plano para, posterior, elaboração de plano (s) e tomada de acções;
. Em suma, podemos dizer que a investigação – acção é, geralmente, conduzida tendo em vista a descoberta / a criação de um plano para a inovação ou para a intervenção e podemos considerar que esta é, sempre, resultado de um trabalho colaborativo.
. “Apesar de variações no modo como vários autores conceptualizam este método de investigação, há unanimidade quanto a alguns traços essenciais que o caracterizam: diz respeito a um problema ou situação real, a intervenção é situada no contexto onde esse problema é vivenciado, é realizada pelos próprios intervenientes na acção, pretende contribuir para a mudança e engloba obrigatoriamente um percurso que combina a reflexão com a acção, num processo dialéctico, sistemático e contínuo” (Professoras Alda Pereira e Luísa Aires, Universidade Aberta).
. Tendo por base os trabalhos de Kemmis e McTaggert (1988) e considerando, ainda, as alterações introduzidas pelo (s) contributo (s) de Mills (2003) podemos apresentar o seguinte “guião” para o desenvolvimento de um trabalho / projecto de investigação – acção:
. Descrever o problema e a área de foco;
. Definir os factores envolvidos na nossa área de foco (por exemplo, o currículo, a “descrição” da escola, os resultados dos alunos (o desempenho dos alunos), estratégias de ensino, etc.);
. Desenvolver questões de pesquisa;
. Descrever a intervenção ou a inovação para ser implementada;
. Desenvolver uma “linha – temporal” para a implementação;
. Descrever os intervenientes (actores) do grupo de pesquisa (investigação – acção);
. Desenvolver uma lista de recursos para implementar o plano;
. Descrever os dados a serem recolhidos;
. Desenvolver o processo de recolha de dados e proceder à análise do plano;
. Seleccionar as ferramentas apropriadas para o inquérito;
. Levar a cabo o plano (implementação, recolha de dados, análise dos dados);
. Dar a conhecer os resultados.
. Donato., R., Action Research (2003), University of Pittsburgh, Eric Digest (http://www.cal.org/).
. http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/armenio/TESE_Armenio/TESE_Armenio/_vti_cnf/TESE_Armenio_web/ (Projecto Ser Mais – Educação Para a Sexualidade Online).
4. 1. Sitografia:
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